sexta-feira, agosto 15, 2003

Eu, mulherzinha, e minha glicose audiovisual

Tá, eu admito: adoro filmes bobocas. A-DO-RO. Eu me delicio com aquelas películas edulcoradas e metidas a comédia que são dignas de, no máximo, uma Sessão da Tarde. Vi bombas como A onda dos sonhos, Como perder um homem em 10 dias, The wedding planner e Tudo para ficar com ele (esses dois últimos são péssimos). Amei Enquanto você dormia e Íntimo e pessoal - desse sei até uns diálogos, assim como de Uma linda mulher. E paremos por aqui porque a lista é extensa.

Adoro filmes-cabeça e afins, mas de tempos em tempos (o intervalo entre os "tempos" é bem curto, pra ser sincera) preciso de um chocolate audiovisual para aumentar a glicose do meu cérebro. Nada como ver um filmeco desses para relaxar: você não pensa, só sente e ri. Mas hoje eu tinha um álibi. Para fugir do dilúvio, parei no Botafogo Escada Shopping e tentei pegar um cineminha - sozinha. Só dava tempo de encarar a beócia da Gwyneth Paltrow (uma mulher que larga o Brad Pitt deve ser no mínimo uma beócia, ainda mais com esse nome inescrupuloso) ganhando milhões de dólares para brincar de aeromoça sob a batuta do Bruno Barreto. Decolei feliz.

E quando eu decolo num filme é pra valer. Viajo mesmo, choro (chorei até em Procurando Nemo e Tarzan), rio, fico com aquele sorriso congelado de palerma e suspiro como uma adolescente.
Hoje, nesse Voando alto (View from the top), suspirei muito. Eu tenho uma facilidade incrível de me identificar com o que não tem nada a ver comigo. Relaciono as situações mais absurdas com as que vivo, vivi ou acho que vou viver. Eu chego a me sentir como a lourinha-do-interior-que-vira-uma-aeromoça-CDF-e-supera-os-obstáculos-e-encontra-o-amor-da-sua-vida-e-tem-que-escolher-entre-o-amor-e-a-carreira-e-é-claro-que-termina-feliz.

Bem, entre um suspiro aqui e um sorriso babaca acolá, cheguei à conclusão de que minha Cleveland talvez seja Belo Horizonte. E que também quero muito ir a Paris, mas a minha vida sem ele é uma sala de espera. Quando os olhos estão prestes a transbordar, surge o imbecilóide do Mike Myers e me acorda com suas caretas estúpidas e sem a menor graça. (Esse Austin Powers, sem dúvida, é o que há de pior no filme, mas não chega a azedá-lo por completo).

O único perigo de tanta água-com-aspartame é que depois eu às vezes me sinto hollywoodiana demais - assim como muitos homens saem de Coração valente ou Gladiador com vontade de dar porrada, eu saio dessas comedinhas edulcoradas com vontade de ficar loura de novo, perder uns quilinhos e tascar um sutiã turbinado. Sim, porque aquele que a Gwwyxnewtsff usa no filme eu conheço: é o segredo de muitas americanas que se acham na obrigação de ter peitão só porque são americanas (elas usam enchimento até no biquíni, para quem não sabe).
Anyways, meu bobômetro subiu tanto que até mesmo ouvir alguém xingando Shoot! desencadeou uma reação emocional - gosh, era assim que eu xingava quando errava uma bola nos esteites...E ainda saí do cinema com aquele andar de passarela, quase vendo meus olhos azuis no espelho e com os joelhos inconscientemente para dentro que nem os da Sopa de Consoantes.

Mas essas abstrações são seriamente perigosas. Foi depois de ver Quem vai ficar com Mary? que eu tomei coragem de tosar a cabeleira igual à da Cameron de então. E não me arrependi.
O que indica que há boas possibilidades de segunda-feira eu aparecer loura, com aplique, ombreiras dentro do sutiã e micro-saia.

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