Powell pai, Powell filho
Ontem o Sr. Michael Powell, filhote do Colin e presidente da FCC (Federal Communications Commission, órgão regulador das empresas de comunicação dos EUA), apresentou uma proposta de relaxamento nas regras de propriedade de meios de comunicação (media ownership). As grandes companhias poderão ter uma fatia ainda maior do mercado norte-americano e possuir mais estações de TV em qualquer mercado local. Muitas restrições de "cross-ownership" (cruzamento de propriedade - ter jornais e estações de rádio e TV num mesmo mercado local) vão ser retiradas.
E daí? Well, o assunto me interessa porque, quando morei nos EUA, fiz um paper pentelhérrimo que deu um trabalhão sobre “media ownership”, principalmente o problema de cross-ownership. Fiquei psycho. Assinei entrega eletrônica das matérias da "Broadcasting & Cable". Entreguei umas 12 páginas e fiz uma apresentação em vídeo, com meu sotaque bacana. Foi ridículo. Tive até pesadelo com esse troço.
Powell filho várias vezes mostrou sua aversão neoliberal a regras que restrinjam concentração de mídia. Ele foi contra a idéia de exigir da AOL e da Time Warner que, como condição da fusão, dessem às empresas rivais acesso aos seus sistemas de TV a cabo. Pior: tomou partido na decisão a despeito de seu pai, secretário de Estado, ser um dos diretores da AOL e ter lucrativas ações da companhia.
A última do Powellzinho simplesmente mostra a habilidade do governo americano de recompensar as companhias obedientes às suas diretrizes. Se a cobertura do conflito no Iraque já foi sofrível, imagine se essa nova proposta de laissez faire, laissez passer pegar...Então a FCC será um placebo de órgão institucional, tão esvaziado quanto o Conselho de Ética do nosso Senado.
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