terça-feira, novembro 12, 2002

Surda

Não pode ter som
A voz lá de baixo.
Por entre pingos d'água,
A voz metálica se esforça
Para dizer algo
Que eu talvez não saiba.
Ela não grita;
A voz é macia como um dia de inverno
E covarde como a chuva de verão.
O timbre assusta e desafia
A calma de minha noite
comum.
A voz insiste
Que nada que eu faça
Vai ser como espero.
Fura-me o cérebro
Sem atacar-me os tímpanos.
Tudo, tudo o que quer dizer:
-Não tens escrúpulos.

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