Para o meu vizinho, no seu centenário
Brenda Mariano
Quanto mais eu penso nos conflitos internos de um pré-pós-adolescente-adulto de 25 anos, mais eu chego à solução de que a resposta está nas palavras dos que souberam usá-las. O meu vizinho foi um deles. Por isso, seus poemas são filosofias de vida e esperança - sem agonia.
"Se procurar bem, você acaba encontrando. Não a explicação (duvidosa), mas a poesia (inexplicável) da vida."
Carlos Drummond de Andrade
Esclarecimentos:
Minha querida ultramegamiga superpop Brenda Mariano teve a felicidade de ser vizinha do Drummond. Segundo ela, apesar de seu jeitinho tímido, ele dava tchauzinho da janela para ela todos os dias. Ela chegou a vê-lo escrevendo na varanda, e aprendeu desde cedo a valorizar a companhia silenciosamente ilustre. Menina, ela ia até a janela e ouvia a vó Nadir dizer, cheia de orgulho: "Aquele ali é o maior poeta do mundo!" Reza a lenda que ele se inspirou nela para escrever vááárias poesias....Será? Talvez não, mas, se eu fosse o Drummond, teria escolhido esses versos do poema Mãos Dadas para ela, que sabe viver a vida presente como ninguém:
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
Brê, não nos afastemos muito: vamos de mãos dadas, amiga.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente aqui. Com educação, por favor.