Nirvana, Cazuza e Mamonas
Sandália de couro com meia branca, all starr marrom. Repito: all starr MARROM. Ambos com camisas brancas levemente surradas, sem o menor resquício de marca, jeans amarelados, cabelos perturbadores. Sentados na lanchonete do nono andar da Uerj. Não tenho idéia do que falam.
- Eu acho que a gente tinha que escolher uma do Cazuza. Cara, olha isso, "eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades...". Tem tudo a ver com a gente, tem tudo a ver com a história, a história se repete. "Um museu de grandes novidades". Marx podia ter dito isso.
- É o bicho. Mas acho que tinha que ser uma coisa mais rock'n'roll, uns solos de guitarra, sei lá. Nirvana, de repente.
- Porra, mas o cara se suicidou! Nada a ver, sei lá.
- E daí? O Cazuza não morreu de Aids?
Consegui me concentrar novamente e estudar. Por pouco tempo.
- O Vinícius toca muito. Ele podia vir pra nossa banda, se a gente montasse de novo.
- É mermo. O cara nem é veterano e é foda. Foda.
- A gente podia começar tocando num churrascão. A gente toca, a carne queima, a galera descontrai, bebe cerveja e ri dos nossos erros.
- Pode ser. Ia ser foda de maneiro.
(Pausa)
- Imagina se a gente lança um CD, faz sucesso e morre num acidente de avião?
- Porra, tu quer ser os Mamonas??
- Claro que não. Aí é foda, ia ter que aparecer no Gugu. Não dá.
Eu definitivamente AMO a Uerj.
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