A Invasão
Elas estão por toda parte. Na amiga de escola que reencontro, linda como sempre, numa sexta à noite. Na outra amiga de anos 80 que revejo andando em Santa Teresa. Na minha genitora, na minha cunhada, na Brenda-mãe e na Brenda-filha, na Xuxa, na Sasha e na Sassá. As rugas estão invadindo o planeta.
Ou então eu só comecei a percebê-las agora, aos 25 anos, quatro meses e 15 dias.
Uma moça muito bonita, musa do vôlei, me disse certa vez que os 25 são um marco: a partir daí é preciso se cuidar em dobro, pois tudo cairá em progressão geométrica e na metade do tempo. Ela tinha então 25 e eu, 18. Magrinha e de sorriso metálico, eu perguntara para quê serviam todos aqueles cremes que ela tinha na cabeceira, banheiro e bolsa, todos Clarins, Lancôme e afins, quando eu mal passava um mero Vasenol nas pernas. Achava tudo aquilo um exagero, frescura de musa.
Dia desses a reencontrei. Aos 32, está mais linda do que nunca, com a pele morena, mas lisinha, e corpaço de jogadora de vôlei de praia. E eu, aos 25, percebendo as minhas incipientes, mas já existentes linhas de expressão, querendo emagrecer (sempre), catando buracos na agenda para malhar mais, correr etc, tomando sopinha à noite e comprando Nescau Light, olha que coisa ridícula.
No dia seguinte ao reencontro eu escovava os dentes em frente ao espelho quando percebi outro intruso. Sim, ele estava lá, apareceu de repente. Então eu, no ano do jubileu, fui presenteada com meu primeiro fio de cabelo branco! Primeiro achei o máximo. Que maturidade, Uau. Depois lembrei que meu pai já era grisalho aos 28, e a descoberta ficou incômoda. Mas aí cheguei mais perto do espelho e percebi que o patinho feio parecia mais amarelo do que branco. Será que, anos (uma década??!) depois de ter deixado de ser loura, o processo se revertia? Até agora não concluí se o tal fio é branco ou louro. Enquanto eu me decido, o tempo não pára e as rugas se delineiam a cada gargalhada.
É, você percebe que está ficando velha (ou está neurótica demais com isso) quando vai ver "Aos treze" e o que mais a impressiona são os pés-de-galinha da Holly Hunter; quando tudo o que vê na Malu Mader e na Cláudia Abreu fica ao redor dos olhos, pensa que a Demi Moore devia injetar botox perto da boca e inclui a Vera Fischer na mesma categoria do Tarcísio Meira, a dos Maracujás de Gaveta.
Mas tudo bem: até eu envelhecer de verdade já vão ter inventado um photoshop de bolso, um ácido retinóico instantâneo ou um clone do Pitanguy.
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