quarta-feira, julho 16, 2003

E agora, Nostradamus?

Vivemos um momento estupidamente niilista. Até bem pouco atrás, o planeta estava apreensivo com o novo século, o novo milênio, o fim do mundo. O clima era de estudos apocalípticos, de fin de siècle e espera pela hecatombe iminente.
Passou.
Por o que esperamos agora? O que inventaremos de mais arrebatador que o apocalipse? Vivemos num angustiante Tempo Comum onde a própria vida é uma escatologia - nos dois sentidos da palavra. O tempo e a história consomem-se com princípio e fim, mas sem meio que tenha propósito. É o fudevu da ausência do caos.
Na virada para o milênio passado – que, assim como agora, contou-se um ano antes -, dizia-se que o mundo acabaria tragicamente no ano I do milênio II. Não acabou. Então algum gênio calculou que algo tão ruim quanto o fim do mundo não aconteceria no aniversário de mil anos do nascimento de Jesus Cristo. Deus não era tão macabro assim. O mundo - deduziu o gênio - acabaria no aniversário de morte do messias, claro. E por mais 33 anos o Homo Sapiens esperou a hecatombe. Chegou 1.033, foi-se 1.033, e o sol continuou se pondo.
Resta-nos esperar até 2.033.

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