quarta-feira, abril 09, 2003

Singelo delírio real
Saio à rua e todos me olham, me fitam, me procuram em cada canto, fecho os olhos e eles me encaram, elas me avaliam e todos me denigrem pelas costas, não posso andar sem ser seguida por olhares lancinantes, olhares que julgam minha vida desde o nascimento e prevêem meu futuro até o dia de minha morte, espremem meus sonhos e pressionam meu crânio, sou bode expiatório da insanidade de um mundo que já não gira, poucos me esquecem, muitos esfacelam minhas esperanças e planos e toda forma de beleza, eles tapam minha boca e me impedem de correr, me fazem ruborizar incessantemente, olhos azuis me lembram de minha insignificância, olhos verdes do ciúme de si mesmos em sua glória me humilham e me cortam, eles contam vantagens que soam como mentiras que me põem em meu pequeno lugar de verdadeira caluniadora, escrupulosa de coragem putrefata, suas palavras me sufocam e me fazem implorar: tenho o direito de ser tímida...

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