Não tenho vocação para Vitalina
Um dia desses encontrei um amigo de longa data. Na verdade era um amigo da minha irmã, mas que eu, quando era pequena, considerava meu amigo também (quando você tem dez anos sempre é legal ter amigos três anos mais velhos). Pois eu sabia que ele havia se casado mais ou menos em agosto do ano passado. Engraçadinha, fui logo perguntando: e aí, homem casado? Ao que ele me corrigiu: ex-casado, você quer dizer. Meio sem graça e muito espantada, exclamei: JÁ???
Então ele, apaixonado havia anos, se casou e a união não durou nem um semestre! Aí você assiste “Edifício Master” e vê um casal que se conheceu por anúncio de jornal. Eles estão juntos há uns 10, 15 anos, felizes da vida. Ela acha o barrigão dele lindo, ele diz que a coroa dele é puro charme. E assim a vida é linda.
Mas meu amigo fez 27 anos e já é divorciado. Você passa anos com uma pessoa, paga festão, manda convites, compra apartamento, sabe o nome dos filhos e cinco meses depois já está solteiro no Rio de Janeiro, são bocas em todo lugar, parado não dá pra ficar.
Porém, nem tudo está perdido. Anteontem conversei com uma menina na faculdade que acabou de voltar de uma viagem ao Canadá. Ela me mostrou as fotos e havia três gatinhos com quem ela tinha ficado lá. Papo vai, papo vem, a revelação: a moçoila de 20 anos, 1,82m, ex-modelo, loura, inteligente, é virgem. “Ainda não encontrei um namorado que valesse tanto a pena. Não quero que seja com qualquer um”. Podem dizer que ela está “desperdiçando a juventude” e blábláblá. As for me, achei lindo. O fato, nem tão incomum quanto pensamos, mostra que, apesar de o casamento ser uma instituição em crise como conseqüência da liberdade sexual que mudou muito os costumes tradicionais, a verdade é que muitas mulheres continuam procurando seus príncipes encantados. E, mesmo mudernas, continuam acendendo velas, fazendo promessas a santos e sonhando encontrar companheiros que as completem que nem feijão com arroz...
Eu, que quando era pequena já pensei em ser freira – mas desisti ao descobrir que gostava muito de meninos e queria ser mãe -, hoje tenho certeza de que não quero ser Vitalina (li em algum lugar que o cancioneiro popular brasileiro fez com que esse nome passasse a significar “moça que ficou para a titia”). Sei lá, ainda sou daquelas otárias que acham que o casamento é pra sempre. Quero casar na Igreja com um vestido simples e charmoso; quero que toque Jesus Alegria dos Homens e Ária na Corda Sol; quero uma lua-de-mel romântica e divertida; quero morar sob o mesmo teto e achar que a intimidade, apesar de ser uma conquista irreversível, é uma maravilha. Até que a morte nos separe. Mas às vezes esse mundo nos faz desacreditar em coisas bonitas demais. Filmes como “Separações” batem na cara da gente, falam a verdade mesmo. Ainda bem que o final do Domingos de Oliveira foi feliz.
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