sexta-feira, janeiro 17, 2003

poema do narciso paranóico

Hoje senti uma vontade louca
de me olhar no espelho.
Não durou mais que alguns segundos
A sensação de que eu era
disforme.
Corri e olhei fundo nos olhos do outro lado,
castanhos e claros,
nem tristes, nem felizes,
mas cheios de sentimento.
Janelas de uma alma - ela sim -
disforme.
E de nada mais vale a pena falar em mim
senão os olhos.
Narizes são inexpressivos se não são muito feios;
meu nariz é de um tanto-faz irritante.
A boca, nem Bardot, nem Jolie, está lá,
indiferente.
Quer ser beijada
mas não pede um beijo.
Os olhos não: neles me vejo,
sei que estou presente,
e se não sou eu,
são duas janelas
com a alma ausente.

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