Deve ser TPM
Passei a noite com meu companheiro de fossa, meu recém-descoberto amigo para as horas de incontrovável self-pity. Bukowski. Nada a ver com o bar, que no bar se é feliz. Quando os amigos dormem, outros namoram, viajam, é tarde para telefonar, os celulares estão desligados...Raiva do mundo não chega a ser. Parece cocaína, mas é só tristeza.
No livro todo mundo só bebe. Dá até vontade de tomar um chope. Mas eu odeio chope e meu convento só tem água e leite. Shit. Buk não está me fazendo bem. Melancolia sarcástica e alcoólatra não pode fazer bem a ninguém.
Queria comprar uma escadinha para poder descer pela varanda a qualquer hora. Umas 17 voltas pela minha pracinha molhada e cheia de folhas caídas me curariam dessa coisa, que deve ser mesmo uma coisa de nada às duas e meia da madrugada. Acabei o livro, ou ele acabou comigo, e não sei o que fazer. Escrevi uma coisa estúpida chamada "O homem fictício" e quero armar aquela cena: amassar o papel, jogar no lixo e começar de novo. Só para me sentir importante. Filme sempre tem essas cenas, seja de um escritor revoltado com o branco na mente ou de um amante indeciso ao escrever uma carta de amor. Vou jogar no lixo, virar a página e escrever de novo. Como se fosse a vida.
Enquanto isso, meu panda Diego me fita consternado. São Diego me faz companhia agora que o demônio californiano Buk me jogou na lama e fugiu. Que fazer?
E o pior de tudo é constatar que ontem escrevi sobre calcinhas e cuecas. Shit.
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