segunda-feira, dezembro 23, 2002

Eu já sabia!

Parafraseando aquele gaúcho que pela primeira vez exibiu o cartaz que se tornaria figurinha fácil nos campos de futebol do Brasil: Eu já sabia! Mas este não é um texto sobre futebol. Se você não gosta da melhor coisa que os ingleses já inventaram não serve para ser meu amigo mas pode continuar lendo. Tá bom, não fui muito educado. Então, por favor, continue lendo. Não quero ser mandado embora pela editora-chefe deste blog...

Eu já sabia pode parecer pretensão. Mas eu já sabia que tão logo o Fernando Henrique deixasse o governo, a maior parte da imprensa passaria a tratá-lo como um dos mais brilhantes estadistas que esse país teve em toda a história. Errei por pouco. Nem foi preciso esperar que ele saísse.

Quem viu o Globo Repórter de sexta-feira teve a impressão, em alguns momentos, de que devemos agradecer aos céus e a nós mesmos por termos eleito um cara tão sensacional quanto FH. Culto, compreensivo, eloqüente, adorado pelos líderes estrangeiros, humano ao ponto de admitir que teve medo de que o Plano Real quebrasse e levasse o país junto. É mesmo ? Se ele teve medo, coitados de nós que entregamos o comando do Brasil a ele durante oito anos !

Eu até pensei em buscar uns números e estatísticas do desastre social brasileiro. Tô com preguiça. O texto não é pra Folha. Se fosse, a falta de empenho me custaria a cabeça. Não estou desmerecendo o Coisas de Nada, órgão impoluto da imprensa que me permitiu até ser correspondente internacional. Conto com a condescendência da chefe para opinar sem apresentar dados oficiais.

Negar que tenha havido benefícios na era FH é ser tolo. Nem ele conseguiria fazer besteira atrás de besteira durante todo esse tempo. Mas é incrível como, no Brasil, o passado absolve. Quem morre, vira santo. Quem deixa o governo, vira exemplo. Acho que da mesma forma que ouvi maravilhas sobre Getúlio e JK meus filhos e netos vão ser levados a crer que viver nos anos FH foi maravilhoso. Se os livros de história forem escritos por banqueiros...será verdade. E se os fatos demonstram que não foi tão bom assim, peço licença a Nelson Rodrigues e disparo: pior para os fatos.

elucubrado pelo colaborador ingrato Carlos Gil