quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Mulheres de Minas

Elas são diferentes. Seus "sssssssss" soam esnobes e ecoam em todos os lugares, bem distintos dos "xxxxxx" preguiçosos das malandrosas cariocas. A porcentagem de saltos altos e cabelos lisos de chapinha é certamente superior à do Rio, igualável apenas às tchutchucas da Barra. Diria até que essas moças são moradoras de uma grande Barra da Tijuca, menos loura e pretensiosa, mais natural e provinciana. (As morenas mineiras, aliás, são lindas. A fama do estado deve-se a elas.)

Andar de havaianas na rua, nem pensar; no shopping, muito menos. E o mais incrível: no churrasco, chinelos não entram. Na maioria das vezes, nem o pobre biquíni entra. As mineiras não perdem a pose em hipótese alguma. Churrascão de fim de semana, piscina limpinha, mansão de frente para o lago, gramado enorme, cerveja, sol, e eis o que acontece aqui nessas paragens: os homens caem na água, jogam futebol de sunga, vôlei na piscina, bebem, ficam descalços e comem horrores. Já as fêmeas, cada vez que precisam se levantar (provavelmente parar irem ao banheiro ajeitar os cabelos impecáveis) lutam - sempre com classe - para se equilibrar em seus saltos agulha. As calças e saias jeans (Vide Bula e Zoomp, provavelmente) são completadas por variações de batas (as blusas da moda também aqui), rímel nos olhos, batom, cabelos chapados, bolsa arrumada, em geral de couro, combinando com o sapato e às vezes com o cinto, e brincões escolhidos a dedo. (Só consigo pensar, com minhas havaianas e rabo de cavalo: por favorrrrrrr, quem usa CINTO em churrasco???) Enquanto os rapazes jogam pelada, elas conversam, sabe Deus sobre o quê. Comem pouco, óbvio, mas avançam discretamente o sinal na hora de atacar um docinho.

Piscina, vôlei, futebol, banho de chuva, dançar, comer carne com a mão, caipirinha, "eu nunca", batucada, pés na grama, gargalhadas escandalosas: palavras que não fazem a menor falta a esses admiráveis seres, que conseguem ficar na sombrinha a tarde inteira. Segundo meu antropólogo involuntário particular, elas não se sentem à vontade para irem à piscina e adjacências porque têm vergonha de seus corpos. Parecem magras, mas talvez não estejam acostumadas a exibirem suas celulites (elas as têm?) na praia todo sábado e domingo...Resta-me realizar averiguações futuras na piscina do Minas Tênis Clube, que, dizem, bomba no fim de semana.

Mas o mais intrigante é que elas são gente boa. Mais do que educadas, acabam sendo calorosas - não do jeito esculacho-carioca, mas à sua própria maneira. Gostam de conversar (o sotaque molengo das mais afetadas é irritante, mas o meu também deve ser para elas, então estamos quites), quase não falam palavrão e não deixam suas gírias (elas existem?) à mostra. Apesar da aparência um pouco esnobe de quem não perde a pose nem na bebedeira, elas são legais demaissssss da conta.

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