segunda-feira, novembro 03, 2003

Biologia e História e vice-versa
Enquanto meu primo advogado-biólogo coleta água de bromélias na restinga da Marambaia e planeja seu trabalho sobre alimentos do futuro tais como os hidropônicos e os biodinâmicos (imagino-me aos 50 saindo para tomar um ovomaltine biodinâmico mal-batido no Bob's da fétida e aterrada Lagoa Rodrigo de Freitas), aqui em minha mitocôndria azulamarela eu passo o tempo estudando desesperadamente a história do liberalismo e as diferenças da Revolução Industrial na França e na Inglaterra.

Meu pobre primo tem aulas com uma professora doidona que recomendou um livro sobre "os embaixadores da luz" (aquelas pessoas que param de comer e se alimentam de luz). Antes de ler tal obra, ele diz que a primeira coisa que vem à cabeça é que, se houvesse realmente essa parada de se alimentar de luz, as criancinhas não estariam morrendo de inanição na Somália, debaixo de tanto sol....Faz sentido. E eu penso que, se o capitalismo, e com ele a incrível tecnologia, fosse tão imprescindível e maravilhoso assim, essas mesmas criancinhas também não estariam morrendo de inanição. Seríamos nós "capitalistas", então, menos loucos que os tais embaixadores da luz??

Enquanto isso, em vez de estudar sobre os Discípulos da Luz, meu primão preferia ter passado o dia na maratona de 10 horas dos Simpsons, vendo os 20 melhores capítulos seguidos do episódio 300. E eu preferia que meu cérebro tivesse poder osmótico para deitar a cabeça sobre os textos e entender as engrenagens do liberalismo e do mundo contemporâneo enquanto eu assistiria, inerte, a três episódios seguidos de Felicity. Com meu milkshake biodinâmico ao lado.

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