quarta-feira, agosto 06, 2003

T.M.
Desespero. Aquela sensação de coceira que não pode ser coçada.
Tenho ao meu lado um ser que cuspiu um seco "Olá", assim, sem ponto de exclamação. Está tão próximo que sinto sua respiração. Suas imagens oníricas quase roçam no meu braço e encostam em minha aura cor-de-rosa. Sua impecável careca reluz e ofusca meus pensamentos mais recônditos. A cada "uhuumm" ou "aham" ou ainda "ha" que ele balbucia, eu me encolho mais na cadeira. Tenho certeza de que sua visão periférica é privilegiada e ele lê cada vírgula do meu outlook. Eu brigo com o teclado desconjuntado, onde apertar ç gera um desdenhoso ~. Tirando o tratado psicodélico no braço direito e os olhos que quase não existem, ele parece são demais. Saudade das pessoas insanas e tagarelas do último mês. Esse novo círculo é burocrático e repleto de planícies calvas. Volto, feliz, ao bunker 221.

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